quarta-feira, 11 de março de 2009

Parece que quanto mais quero manter esta fogueira acesa, mais depressa ela se apaga à frente dos meus olhos semicerrados pela fadiga. Meto toneladas de lenha em cima do fogo, mas parece sempre em vão. Sinto-me inconsequente. Juro que estou a morrer de frio.
Acho que vou morrer dentro das paredes do meu corpo, encurralado pela minha nudez.
Lembro-me de olhar para as chamas, e vê-las a fazer contornos redondos com uma ponta aguçada, recordo-me de olhar para o tom do seu interior. Nunca vi um tom tão encarnado antes, jurava que via sangue lá dentro a cumprir as regras das circulações sanguíneas. Eu tocava no fogo. O sangue a entrar em mim, o sangue a fazer a rota natural nas minhas veias. O sangue a passar para o fogo. Vezes indetermináveis.
Vivi demasiado tempo ao calor destas chamas. Custa-me sentir que estão a perder a força.

Um comentário:

Daniela Morgado disse...

"Vivi demasiado tempo ao calor destas chamas. Custa-me sentir que estão a perder a força."

Se acreditares elas sempre estarão acesas [:

i found you. bons textos por aqui. vou espreitando*